Expresso 18/11/2000  
Futebol artificial

 

Saiba tudo sobre o Mundial de robôs em www.robocup2000.org

 

AFINAL, Portugal já foi campeão do mundo de futebol. E com selecções recheadas de valores, cujo preço no mercado de transferências será muito difícil de calcular. A diferença está, neste caso, na grande vantagem que estes jogadores apresentariam a qualquer treinador do mundo, já que não são de carne e osso, portanto não se lesionam. Também não consta, até ao momento, que insultem o árbitro ou que sentenciem ideias ao melhor estilo do «futebolês». Estes jogadores são robôs, que entre 28 de Agosto e 3 de Setembro disputaram a Robocup 2000, o Mundial de Futebol em versão para autómatos.

A iniciativa conta já três anos de existência e serve para divulgar a Inteligência Artificial junto do grande público, através do atractivo que é, para todos, o desporto-rei. Esta semana de «jogos», repartidos em várias categorias, levou milhares de pessoas ao Melbourne Exhibition Centre, na Austrália, tendo sido realizada em conjunto - como acontece, de resto, em todas as edições - com uma conferência internacional sobre Inteligência Artificial. Manuela Veloso, investigadora na Universidade Carnegie-Mellon, de Pittsburgh (EUA), venceu, este ano, a categoria Sonny Legged - robôs de quatro pernas, de pequena dimensão - e já é bicampeã da especialidade. Além de assegurar a concepção e a manutenção da sua equipa, a «CNPack00», a cientista portuguesa fez também parte da organização de toda a iniciativa. Já a equipa coordenada por Luís Seabra Lopes, da Universidade de Aveiro, que levou o «FC Portugal» à vitória na categoria da «Liga Simulada» - em que os jogos se disputam a nível virtual, num ecrã de grandes dimensões, exposto junto aos outros «campos de futebol» -, venceu de forma espectacular adversários bem cotados até à final: 7-0 aos ingleses da Universidade de Essex nos oitavos de final, mais duas goleadas (4-0 e 6-0) até ao jogo derradeiro, vencido por 1-0 à Universidade de Karlsruhe (Alemanha).

Além da Liga Simulada e da Liga «Sonny Legged», realizaram-se jogos nas categorias «Small Sized» (equipas de quatro robôs de pequenas dimensões) - que contou com a participação das equipas do Instituto Superior Técnico e das Universidades do Minho e do Porto -, «Robots» (robôs humanóides, que jogam com indicações mínimas dos seus coordenadores humanos) e Robocup Junior.

Com profissionais ligados às áreas da Inteligência Artificial, da Robótica, da Engenharia e da Informática, a Robocup já tem local definido para 2001: a cidade norte-americana de Seattle. Os organizadores garantem, no site do evento (www.robocup2000.org), que, em meados do século XXI, já será possível organizar um jogo entre autómatos completamente independentes e jogadores humanos, de acordo com todas as regras da FIFA. E já arriscam um prognóstico: os robôs vão ganhar.

R.N.