'E-mails' à borla e Internet nos CTT

Os robôs futebolistas são obrigatórios em qualquer vista ao
Laboratório do Instituto de Sistemas e Robótica (foto Inácio
Rosa/Lusa/CM)
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Um milhão de endereços electrónicos gratuitos (vulgo e-mail) a disponibilizar
pela Telecel e as estações de correios a disponibilizar a Internet aos cidadãos
são duas das quatro medidas para "democratizar a sociedade de informação" que o
primeiro-ministro, António Guterres, anunciou ontem durante uma visita ao
Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) que funciona nas instalações do Instituto
Superior Técnico.
Os protocolos serão assinados entre a Fundação para a Computação Científica
Nacional, a Telecel e os CTT.
Guterres anunciou que o protocolo a assinar com os CTT vai permitir a instalação
em 200 estações de correios, por todo o país, de pontos de acesso livre à
Internet já este Verão.
Entre as medidas anunciadas ontem está o projecto "Riacho": um protocolo entre
aquela Fundação e a Portugal Telecom para dotar as universidades e centros de
investigação da ligação a linhas de alta velocidade.
Todas as escolas primárias terão, brevemente, acesso à rede de Internet, disse
também Guterres.
O chefe de Governo explicou que dentro do III Quadro Comunitário de Apoio
existem dois programas: um de 200 milhões de contos para a Ciência, Tecnologia,
e Investigação; outro de 140 milhões para a Sociedade de Informação. Deste
último programa sairão 25 milhões exclusivamente para apoiar a investigação
na área das tecnologias de informação.
Por outro lado, o primeiro-ministro salientou como "relevante" o facto das
empresas privadas e da sociedade civil terem correspondido às intenções
políticas do Governo nesta matéria com a óbvia redução de custos para os
contribuintes.
António Guterres, acompanhado pelo ministro da Ciência, Mariano Gago, destacou
o papel dos centros de ciência na entrada de Portugal para o século XXI.
Lamentando que, na maioria dos casos, quando alguém faz alguma coisa de valor
sofra "a conspiração da inveja com a mediocridade", frisou que "seria fatal"
para o nosso país se seguissem as opiniões dos que defendem que apenas se
deve fazer investigação tecnológica, deixando de lado a Ciência pura.
A nova posição face à Ciência deverá estribar-se nos centros de excelência,
como é o caso do Instituto Superior Técnico, apontou.
Para frisar a necessidade de articular a sociedade civil e a Ciência, Guterres
apontou como exemplo os projectos do Instituto de Sistemas e Robótica ligados
ao mar "que faz parte da nossa vocação de estar no mundo". E afirmou que
como antigo aluno do Técnico (licenciado em 1971 em engenharia electrotécnica
com 19 valores) "é um encantamento" ver o trabalho realizado.
No campo da robótica submarina e oceanográfica, está em curso o projecto
"Caravela" de construção de um navio oceanográfico de pequena dimensão, não
tripulado e de largo alcance. Ainda neste domínio, o projecto "Asimov" envolve
dois veículos autónomos: um navio de superfície e outro submarino que se
deslocam a par na vertical um do outro e que permitem recolher informação do
fundo do mar através de ondas acústicas.
Na área das comunicações têm-se desenvolvido novas técnicas de processamento
de informação por sinal e imagem em meios submarinos, no qual se integra
também o "Asimov".
Guterres teve ainda oportunidade de observar as experiências em curso no
domínio da visão por computador, do qual se salienta o "VIRSBS" com o
objectivo de construir o protótipo de uma estação autónoma de identificação
social que possa, por exemplo, ser usada nas caixas multibanco.
O chefe de Governo assistiu também a uma demonstração de uma nova ecografia
a três dimensões que abre um campo totalmente novo no diagnóstico médico,
além dos já bem conhecidos robôs futebolistas, que são alvo de estudos
em interacção e robótica cooperativa.
Durante a parte da tarde, o ministro da Ciência acompanhou o presidente
da República ao Pavilhão do Conhecimento, do Parque das Nações, para a
apresentação e desfile de carros ecológicos de muito baixo consumo,
concebidos e construídos por universidades portuguesas.
Fátima Palmeiro