O Independent 14/5/99  
Robôs Campeões
Equipas portuguesas premiadas em competição internacional

A Universidade do Minho, a Universidade de Aveiro e o Instituto Superior Técnico, de Lisboa, voltaram a estar presentes em França com as suas equipas de robótica no Festival Internacional de Ciência e Tecnologia, que este ano decorreu em Bourges, no princípio do mês. Mais uma vez, deram a Portugal motivos de orgulho. Cada uma na sua especialidade recebeu, além das competições, o galardão de Melhor Trabalho Científico, o que, para equipas quase sem apoio, diz bem da qualidade dos neurónios lusitanos. A equipa do Minho ganhou o torneio de futebol, com os seus robôs imparáveis e a diminarem o campo graças à técnica dos espelhos. Não será essa a linguagem habitual do futebol, mas explicamos já!

Nestes encontros internacionais, há competições de robôs, e estas três equipas portuguesas têm tido presença assídua, embora já se note que cada uma delas tem o seu ponto forte. Há provas de robôs monotipo, livre e de futebol. Os monotipo, obedecendo a regras próprias de construção, pertencem a uma cuja prova é conseguir fazer um percurso até ao fim evitando obstáculos ou tocando em certos locais marcados - atletismo, digamos. Os livres fazem o mesmo, mas a construção de robôs não obedece a regras. Os robôs de futebol têm de fazer isso mesmo - jogar, e contra outra equipa. Isto é, agarrar na bola, metê-la numa baliza, evitar adversários ou tirar-lhes o esférico se for preciso.

Visão de jogo

A equipa do Minho tem uns futebolistas especialmente bons, dado terem descoberto uma técnica diferente: a aplicação de um espelho nos robôs permite uma maior visão do campo, feita apenas por uma câmara aplicada no centro da "testa" do jogador. O Técnico, com o seu atleta olímpico no estilo livro, conseguiu um segundo lugar nesta modalidade. A Universidade de Aveiro, na classe monotipo, ficou em terceiro lugar. Todas as equipas entraram em todas as modalidades. Para além das competições, o júri atribuiu prémios aos robôs pela qualidade científica que revelava a sua construção e "performance". Ora, de novos os portugueses brilharam. O Minho recebeu o prémio de melhores robôs futebolistas, o Técnico o prémio equivalente para os monotipos e Aveiro idem aspas para os robôs livres. Fernando Ribeiro, professor de Robótica na Universidade do Minho e "treinador" da equipa, explicou a O Independente que estes prémios foram muito importantes para os portugueses. "Todos temos falta de mios, não temos o equipamento ideal, mas mesmo assim conseguimos ser os melhores na parte de criação científica. É um grande orgulho." Fernando Ribeiro disse ainda que todas as equipas portuguesas se apoiaram mutamente. "Foi o máximo, todos juntos na bancada a cantar" - relatou.

No festival estavam presentes equipas francesas, obviamente, e também do Canadá, Rússia, Coreia do Sul e Inglaterra. Especialmente franceses e coreanos têm equipamentos óptimos. No final de Julho vai realizar-se o Campeonato Mundial de Futebol de Robôs, em Estocolmo, e a equipa do Minho tem boas hipóteses. Não tem é dinheiro para ir lá. Alguma ideia?

Paula Joyce
pjoyce@mail.soci.pt