Campeonato Mundial de Futebol Robótico com vitórias dos EUA e Alemanha
Terceiro lugar para robôs portugueses
Os mini-robôs futebolistas da Universidade do Porto obtiveram ontem
o terceiro lugar na Liga dos Robõs Pequenos do RoboCup'98, Campeonato
Mundial de Futebol Robótico, que se realizou na semana passada em Paris,
na Cité des Sciences et de l'Industrie (em La Villette). A equipa
portuguesa de robôs médios, do Instituto Superior Técnico, empatou
todos os jogos, o que nãp foi suficiente para passar dos quartos de
final da Liga dos Robôs Médios.
As finais de ambas as Ligas foram disputadas na quarta-feira. A Liga dos
Robôs Pequenos foi ganha pelos campeões do 1997, os norte-americanos
CM United - equipa de mini-robôs "treinada" por Manuela Veloso,
investigadora na Universidade de Carnegie-Mellon. Nos Robôs Médios,
foram os alemães da CS Freiburg, da Alberts-Ludwigs-Universistät, que
se sagraram campeões em 1998.
Os "jogadores" de Freiburg tiveram a seu favor um sistema de visão
adicional: "um 'scanner' laser que 'varre' 180 graus num plano em frente
ao robô e lhe permite saber onde está no campo", explica Pedro Lima,
professor do Técnico e um dos "treinadores" da ISocRob, a equipa de
robôs médios portugueses. Mas além disso, "todo o trabalho de engenharia
estava muito bom, com os robôs a deslocarem-se suavemente no campo,
sem grandes choques e confusões", acrescenta o professor, que considera
a vitória alemã merecida.
Tanto os robôs pequenos como os médios - com não mais de meio metro de
altura - são uma espécie de caixas com rodas, capazes de ver a bola e
de a empurrar para a baliza. Também houve no RoboCup demonstrações de
robôs com patas, mas Portugal não apresentou exemplares nessa categoria.
No caso da ISocRob, a visão dos três "jogadores" era assegurada por uma
pequena câmara de videoconferência, montada no topo de cada robô. Um
sistema extra de triangulação, por infravermelhos, que ajudaria os
"jogadores" a situarem-se no campo, não chegou a ser usado, por falta de
tempo para o preparar.
De qualquer forma, as diferenças tecnológicas entre as equipas, segundo
Pedro Lima, são também devidas ao factor económico: por exemplo, o sistema
de triangulação que não chegou a ser usado custa 150 contos, enquanto o
laser dos alemães custa, para cada robô, 900 contos. E se a ISocRob
pudesse contar com cinco "jogadores" em vez de três, talvez tivesse
conseguido ganhar aos cinco robôs de Osaka e aos quatro alemães de Ulm -
contra quem a equipa portuguesa jogou com apenas dois elementos, já que
um se tinha "lesionado" (e foi preciso esperar por uma peça nova, comprada
à pressa em Lille, nos arredores de Paris).
Para a 5DPO, a equipa de robôs pequenos do Departamento de Engenharia
Electrotécnica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP),
o principal problema foi a falta de velocidade, que "não passava dos
27 centímetros por segundo", explica Paulo Costa, professor da FEUP
e um dos "treinadores" da equipa. Mesmo assim, a 5DPO ganhou quatro em
cinco jogos, por 8-0, 7-0, 1-0 e 2-0 (este último contra os campeões
norte-americanos). Segundo Paulo Costa, o sistema de visão da sua equipa
"mostrou-se, estranhamente, o mais versátil e robusto de todos os que
estavam em competição". Foi aliás graças a ele que venceram a CM United -
só que a equipa de Manuela Veloso conseguiu entretanto melhorar o seu
sistema.
A equipa da FEUP tenciona agora melhorar a capacidade de velocidade
em campo dos seus cinco mini-robôs, bem como alargar a sua participação
em futuros campeonatos À Liga dos Robôs Médios, até para poderem "treinar
cá em Portugal com o pessoal de Lisboa", refere Paulo Costa. "Tudo
depende dos apoios monetários que possamos obter".
Rita Hasse Ferreira